#Bit074 | E você? Biblioteconomia por opção ou por vocação?
e mais um mito que precisa ser quebrado
12 de março chegando e o bit de hoje vem falar da profissão…
Quem mais foi calouro(a) indagado(a) se entrou na Biblioteconomia por amor, por opção ou por vocação?
O conceito de vocação muitas vezes é associado como sinônimo de uma causa pública maior que remete a uma inclinação natural para uma determinada profissão ou caminho na vida.
Na Biblioteconomia, essa noção de vocação tem sido romantizada, vista como uma paixão por práticas associadas culturalmente à profissão: amor pela leitura, amor pelos livros, amor pela organização do conhecimento que transcende o aspecto profissional para se tornar quase uma missão de vida.
Eu amo o que eu faço!
Por um lado isso é ou pode parecer ótimo!
Mas até que ponto essa idealização corresponde à realidade enfrentada pelos bibliotecários no cotidiano?
Muito em breve estaremos celebrando mais uma data anual em que para alguns, figura a imagem alusiva a uma data, a um profissional… E sobre o que tratarão nossos eventos alusivos? Exaltemos aqueles que querem falar da evolução!
Para outros um momento para declarar a paixão pelos livros, pelo seu ambiente de trabalho, pelo incentivo à leitura… Pelo que podemos e devemos ser lembrados pela data que se aproxima?
Qual a Biblioteconomia que te move?
E se eu convidasse você para ir além da admiração vocacional em 2024?
Você já parou para pensar e se responder: de onde vem a percepção que muitas vezes afeta a identidade profissional e constroi estereótipos tecnicistas da tirinhas, dos filmes e das placas de silêncio fixadas nas quatro paredes de um espaço físico?
Quais são suas expectativas em relação ao trabalho de profissionais da informação atualmente? O que você acredita mudar em 2024?
Já se perguntou se embora a paixão pelos livros e pelo conhecimento seja indubitavelmente uma parte importante da motivação para muitos, a realidade profissional exige uma expertise e gama diversificada de habilidades e competências que vão muito além do nosso amor pela leitura?
Não pense que quero criar qualquer tensão entre a idealização de suas práticas e as exigências concretas da profissão que tem se adaptado e expandido em resposta às mudanças tecnológicas e às novas demandas da sociedade.
Afinal, não se muda uma grade curricular da noite para o dia! E se você for uma das pessoas com a autoridade para propor a mudança, (só não muda para pior).
O fato é que até para contratação docente, é preciso perfil para que se pretenda incluir planos de ensino com disciplinas mais alinhadas com um mercado em constantes mudanças em que o conhecimento sobre marketing digital, repositórios, introdução à inteligência artificial e empreendedorismo deveriam ser disciplinas obrigatórias!
Além disso, se você souvbesse que quem resolveu mudar uma versão de grade curriccular, alterando conteúdos e nomes de disciplinas que tratavam seu lugar de atuação como espaços informacionais ou unidades de informação e agora são identificados e limitados apenas a bibliotecas…
Temos um avanço ou um regresso do amanhã?
Uma coisa é certa, existe influência da formação de futuros profissionais, nas expectativas de empregadores e na própria imagem que a sociedade tem de quem conclui seu bacharelado e vai além de ter um diploma e um registro num Conselho Regional de Biblioteconomia.
Entender essa dinâmica entre imagem, mudanças, identidade, crenças, valores e o que chamamos de vocação profissional, deveria nos fazer pensar além da realidade prática!
Deveria nos permitir pensar mais nas pessoas! Menos na burocracia e nos processos repetitivos… Mais na colaboração e no aprendizado mútuo de quem sabe que é tempo de mediar conhecimento! Ir além de Cutter e Ranganathan…
Sim, todo queremos ter uma carreira sólida e adaptável, capaz de enfrentar os desafios contemporâneos, mas primeiro é preciso desmistificar a profissão, valorizando não somente a minha, a sua, a nossa paixão pelos livros, pelas datas comemorativas alusivas e por um cenário onde o tecnicismo e a centralização de autoridade se limita em proessos e não em pessoas!
A capacidade de perceber mudanças e propor inovações alinhadas com uma nova realidade é essencial! E essa realidade explora saberes, tecnologias e bibliotecas transformadoras!
Quantos eventos organizados por profissionais da informação no dia 12 de março de 2024 que você participou foram além do óbvio?
Sua resposta deve falar como um pono de inflexao…
Ela vale vale para a formação, para a atuação, vale até para questionar e reformular até, os motivos de nossa comemoração!
Vale mais ainda para as percepções enraizadas que precisam mudar!
Crie pontes e valorize pessoas
Quando mencionei a ideia de romantizar a profissão, fazia referência a tantas pessoas que atualmente permanecem silenciadas pelo sacrifício pessoal, onde a dedicação exclusiva à profissão é vista como um nobre ato de amor ao conhecimento.
Essa glorificação do sofrimento pode levar a um desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional, alimentando a ideia de que o verdadeiro bibliotecário deve sempre colocar sua paixão pelos livros acima de tudo.
Não ignore os desafios reais e por eemplo, a necessidade de atualização constante, o uso da inteligência artificial e de tecnologias da informação que podem ajudar na sua pressão por resultados em ambientes muitas vezes limitados e quase sempre com recursos escassos.
Ao idolatrar a vocação, sobretudo se você se torna refém de uma burocracia, perde-se muito da visão de mundo e da importância de promover um ambiente de trabalho saudável e sustentável, que reconheça o valor de uma equipe e do quanto se pode proporcionar o bem-estar dela.
Prospectando um cenário ideal…
A primeira coisa é desmistificar o ideal de que bibliotecas são os únicos espaços de atuação de bibliotecários!
A segunda é descontruir a vinculação de que você é “apenas” um guardião do conhecimento humando! A era dos mosteiros passou!
Pense que a imagem da biblioteca como um santuário, um local de refúgio e sabedoria, está profundamente enraizada no imaginário coletivo.
Essa concepção remonta às origens das bibliotecas como espaços sagrados, guardiãs de conhecimento, comparáveis a mosteiros.
Certa vez estive conversando com um colega da época da graduação e a cada 20 frases 3 eram “Estou fzendo muita ficha catalográfica”, “Continuo no acervo” e pasmem: “Algum curso de Marc21 na biblioteca esse ano?”
Entende como isso só aflora contemporâneas e os muitos desafios enfrentados pelas bibliotecas e seus profissionais?
Falando em desafios, confere lá no site que todas as capacitações estão com 50% OFF até o dia 12 quando aplicado o cupom!
Entenda uma coisa, a realidade que exigia que bibliotecas fossem apenas lugares silenciosos e solenes acabou faz tempo! Lugares punitivos e pouco convidativos estao em extinção! Adaptação, mudança, inovação, tecnologia, marketing digtial… Tem tanta coisa a se fazer diria Silva!
Quem por aqui gostaria de fazer um grupinho de estudo sobre inovação em bibliotecas? Aplicações de IA e tanta automação que pode ser feita poupando tempo e melhorando serviços para pessoas?
Não é preciso lembrar de Lankes para você saber o que é um lugar dinâmico e inclusivo, adaptado a atender mais pessoas e comunidades com excelência do que punir e controlar!
Além disso, a representação dos bibliotecários como sacerdotes ou salvadores, embora nobre, omite a complexidade e a multifacetada natureza de seu trabalho, que vai além do serviço e inclui a curadoria, a gestão da informação, a adoção de tecnologias e claro, a educação.
Qual é a sua identidade Bibliotecária?
A pessoa bibliotecária para alguns, é versátil, transcende a imagem tradicional e assume papéis diversos, como curador de conteúdo digital, especialista em tecnologia da informação, e facilitador do acesso ao conhecimento.
Mediação e capacidade de trabalhar em ambientes digitais - diria OFAJ.
Ao desvincular a identidade profissional da pura vocação para abraçar uma perspectiva mais centrada nas pessoas e na tecnologia, prepara-se o bibliotecário para enfrentar os desafios futuros e reforçar sua relevância em uma sociedade cada vez mais digitalizada.
Não estou dizendo que você não deva ter sua paixão pela Biblioteconomia, mas não deve obscurecer a importância de desenvolver novas habilidades práticas e requeridas atualmente!
À medida que a sociedade evolui, também deve evoluir a imagem, o pensamento e figura de uma profissão, abraçando novas tecnologias, métodos de trabalho preferencialmente colaborativos e com estratégias de gestão da informação voltadas para as pessoas e não só para processos!
Esse reconhecimento e adaptação quem sabe possa assegurar uma relevância social e política ainda maior na profissão e quiçá, empoderar os bibliotecários a moldarem um futuro que pode começar por uma data comemorativa se ela realmente puder refletir a verdadeira vocação bibliotecária, não apenas do amor pelos livros, mas da representatividade de quem quer e pode se orgulhar por causas ainda maiores!
Até o próximo bit,
Jorge Cativo